sábado, 29 de fevereiro de 2020

O Término do período regencial e a ascensão de D. Pedro II

Como podem perceber governar o Brasil nessa fase de transição entre os monarcas da família de Bragança não foi nada fácil, as regências que na sua gênese possuíam uma composição política heterogênea não souberam lidar com tantos problemas de ordem social e administrativa. Os gastos nos cofres públicos eram enormes para dar conta de tantas revoltas e movimentos armados que em muito se aproveitaram das incertezas e incapacidades dos regentes que estavam no comando da nação. O futuro era nebuloso e o trono de D. Pedro II esteve por diversas vezes ameaçado pela onda e o clamor republicano que permeou a maioria dos movimentos de contestação social desse conturbado período regencial. A regência de provisória virou permanente e por sua vez una com os governos de Feijó e Araújo Lima, mesmo assim nada parecia ser capaz de conter a onda revolucionária. É nesse contexto de insegurança e de ameaça real de fragmentação territorial que o Partido Liberal começa articular o golpe que empossaria o herdeiro do trono brasileiro antes mesmo de sua maioridade. A estratégia previa uma ampla campanha de massa liderada pelos liberais para que o senado aprovasse a antecipação da maioridade de D. Pedro II, a manobra política teve sucesso e o garoto com apenas 14 anos de idade pode assumir o império brasileiro sacramentando o término do período regencial. O dia 23 de julho de 1840 selou um período extremamente problemático, a regência foi marcada desde o início por fortes pressões populares que cobravam uma administração menos opressora e fiscalista, as revoltas dessa fase transformaram o País em um palco de guerra, antecipar a posse do herdeiro do trono dos Bragança fazia parte da estratégia de contenção desses movimentos sociais. Tamanhas esperanças foram depositadas na figura de poder e respeito que emana do regime monárquico, apesar de algumas revoltas levantarem à bandeira republicana a grande maioria da população depositava em D. Pedro II a confiança de que seu sangue brasileiro falaria mais alto na tomada de decisões a favor do povo. O documento histórico que anunciava ao povo o término do período regencial assim proclamava em tom poético:   
                                   Brasileiros!
“A Assembleia Geral Legislativa do Brasil, reconhecendo o feliz desenvolvimento intelectual de S.M.I. o Senhor D. Pedro II, com que a Divina Providência favoreceu o Império de Santa Cruz; reconhecendo igualmente os males inerentes a governos excepcionais, e presenciando o desejo unânime do povo desta capital; convencida de que com este desejo está de acordo o de todo o Império, para conferir-se ao mesmo Augusto Senhor o exercício dos poderes que, pela Constituição lhe competem, houve por bem, por tão ponderosos motivos, declará-lo em maioridade, para o efeito de entrar imediatamente no pleno exercício desses poderes, como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Brasileiros! Estão convertidas em realidades as esperanças da Nação; uma nova era apontou; seja ela de união e prosperidade. Sejamos nós dignos de tão grandioso benefício”.
Paço da Assembleia Geral, 23 de julho de 1840     
(Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre)
No capítulo seguinte vamos dar continuidade à trajetória imperial no Brasil destacando as principais passagens do longo reinado de D. Pedro II, cronologicamente o segundo reinado durou de 1840 com o golpe da maioridade, até 15 de novembro de 1889, quando o marechal Deodoro proclama a república. Cinco décadas onde o Brasil viveu grandes mudanças, do advento do café como principal fonte de recursos a participação na guerra do Paraguai, te convido a visitar essas páginas finais da monarquia tropical brasileira.

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