Como
podem perceber governar o Brasil nessa fase de transição entre os monarcas da
família de Bragança não foi nada fácil, as regências que na sua gênese possuíam
uma composição política heterogênea não souberam lidar com tantos problemas de
ordem social e administrativa. Os gastos nos cofres públicos eram enormes para
dar conta de tantas revoltas e movimentos armados que em muito se aproveitaram
das incertezas e incapacidades dos regentes que estavam no comando da nação. O
futuro era nebuloso e o trono de D. Pedro II esteve por diversas vezes ameaçado
pela onda e o clamor republicano que permeou a maioria dos movimentos de
contestação social desse conturbado período regencial. A regência de provisória
virou permanente e por sua vez una com os governos de Feijó e Araújo Lima,
mesmo assim nada parecia ser capaz de conter a onda revolucionária. É nesse
contexto de insegurança e de ameaça real de fragmentação territorial que o
Partido Liberal começa articular o golpe que empossaria o herdeiro do trono
brasileiro antes mesmo de sua maioridade. A estratégia previa uma ampla campanha
de massa liderada pelos liberais para que o senado aprovasse a antecipação da
maioridade de D. Pedro II, a manobra política teve sucesso e o garoto com
apenas 14 anos de idade pode assumir o império brasileiro sacramentando o
término do período regencial. O dia 23 de julho de 1840 selou um período
extremamente problemático, a regência foi marcada desde o início por fortes
pressões populares que cobravam uma administração menos opressora e fiscalista,
as revoltas dessa fase transformaram o País em um palco de guerra, antecipar a
posse do herdeiro do trono dos Bragança fazia parte da estratégia de contenção
desses movimentos sociais. Tamanhas esperanças foram depositadas na figura de
poder e respeito que emana do regime monárquico, apesar de algumas revoltas
levantarem à bandeira republicana a grande maioria da população depositava em
D. Pedro II a confiança de que seu sangue brasileiro falaria mais alto na
tomada de decisões a favor do povo. O documento histórico que anunciava ao povo
o término do período regencial assim proclamava em tom poético:
Brasileiros!
“A Assembleia Geral Legislativa do Brasil, reconhecendo o feliz
desenvolvimento intelectual de S.M.I. o Senhor D. Pedro II,
com que a Divina Providência favoreceu o Império de Santa Cruz; reconhecendo
igualmente os males inerentes a governos excepcionais, e presenciando o desejo
unânime do povo desta capital; convencida de que com este desejo está de acordo
o de todo o Império, para conferir-se ao mesmo Augusto Senhor o exercício dos
poderes que, pela Constituição lhe competem, houve por bem, por tão ponderosos
motivos, declará-lo em maioridade, para o efeito de entrar imediatamente no
pleno exercício desses poderes, como Imperador Constitucional e Defensor
Perpétuo do Brasil.
Brasileiros! Estão convertidas em realidades as esperanças da Nação; uma nova
era apontou; seja ela de união e prosperidade. Sejamos nós dignos de tão
grandioso benefício”.
Paço da
Assembleia Geral, 23 de julho de 1840
(Fonte:
Wikipédia, a enciclopédia livre)
No capítulo seguinte vamos dar continuidade à
trajetória imperial no Brasil destacando as principais passagens do longo
reinado de D. Pedro II, cronologicamente o segundo reinado durou de 1840 com o
golpe da maioridade, até 15 de novembro de 1889, quando o marechal Deodoro
proclama a república. Cinco décadas onde o Brasil viveu grandes mudanças, do
advento do café como principal fonte de recursos a participação na guerra do
Paraguai, te convido a visitar essas páginas finais da monarquia tropical
brasileira.
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