sábado, 29 de fevereiro de 2020

Guerra do Paraguai 1864 - 1870


A guerra do Paraguai foi o maior conflito armado já travado em solo latino americano, o número de soldados mortos chega à cifra de 300 mil, valor superado no continente, apenas pela guerra de secessão nos Estados unidos, onde o conflito entre o norte e o sul daquele País matou cerca de 620 mil pessoas. Como entender os motivos que levaram a tamanha carnificina é tarefa difícil, a historiografia oficial de cada nação envolvida na guerra tenta aliviar o fardo da matança generalizada buscando fatos e argumentos que possam explicar o que levou o Paraguai e seus rivais Brasil, Uruguai e a Argentina a se envolverem em uma luta tão longa e de tamanhos prejuízos. Até a década de 1980 a historiografia de cunho marxista colocava o Paraguai na posição de vítima, os textos a cerca da guerra diziam que o modelo de autonomia financeira, a introdução de indústrias de base e o baixo índice de analfabetos incomodavam os interesses britânicos no continente. O Paraguai era visto como um perigo para os interesses do imperialismo Inglês, um exemplo que não podia se disseminar, a exaltação chegou ao exagero de colocar o modelo paraguaio como exemplo de potência latino- americana. Com certeza essa análise está bem distante da verdade, o Paraguai não era esse paraíso pintado pela teoria de esquerda, tinha bons exemplos de educação e de reforma agrária que deram certo, mas longe de achar que o nosso vizinho de fronteira desfrutava de uma situação de autonomia plena. É mais fácil enquadrar a guerra do Paraguai no cenário de disputa de ordem política e econômica que a muito reinava nas fronteiras latinas, o Brasil impondo suas vontades, chegando a manipular o seu bel prazer à política Uruguaia e a Argentina que sonhava com a anexação das terras Paraguaias. A navegação na região da Bacia da Prata e as pretensões expansionistas do Presidente – Ditador Francisco Solano Lopez, também entra na lista dos possíveis fatores que ajudaram a criar o estado beligerante entre os países citados. O clima de guerra começou a se formar com o ato inesperado do presidente paraguaio Francisco Solano Lopez de mandar aprisionar o navio Brasileiro “Marquês de Olinda”, com importantes autoridades Brasileiras a bordo, inclusive o presidente da província Do mato grosso, o político Frederico carneiro de campos. As relações diplomáticas foram cortadas, o seqüestro do navio foi uma afronta que criou intensos debates no império em relação à postura a ser tomada pelo Brasil após o incidente. Não deu tempo de declarar estado de guerra, pois o Paraguai se adiantou, sob as ordens de Lopez o exército Paraguaio invade a província do mato grosso no dia 13 de dezembro de 1864. O presidente paraguaio usou de justificativa para tal ato de agressão as constantes intervenções do estado brasileiro no Uruguai, além da tese de que a região do Mato grosso é uma área de litígio, cabendo ao Paraguai a chance de reivindicar e disputar a posse da região. Estava iniciada a guerra, a invasão relâmpago das tropas paraguaias pegou os Brasileiros de surpresa, há muito tempo nosso vizinho se preparava para essa invasão, Solano Lopez desde que assumiu o poder no lugar de seu pai vinha preparando o Paraguai para uma possível guerra, técnicos estrangeiros trabalhavam no país produzindo armas e seu exército era o único permanente e realmente treinado para lutar. Alguns historiadores dizem que o exército de Solano López contava com 90 mil soldados se incluirmos os reservistas, com armas novas e modernas. No dia 29 de março de 1865, foi à vez da Argentina ser arrastada para a guerra com a invasão do seu território por tropas paraguaias, a província de corrientes foi o novo alvo da política expansionista do presidente paraguaio. O território Uruguaio também estava na lista de pretensões do Paraguai, a invasão de corrientes na Argentina era uma abertura de caminho para tal objetivo. A incapacidade do Brasil, da Argentina e Uruguai em deter o “ditador” paraguaio levou os mesmos a se unirem contra o inimigo em comum. Em maio de 1865 é criada a tríplice aliança, acordo militar que envolvia a Argentina do presidente Bartolomeu Mitre, o Uruguai de Venâncio Flores e o Império do Brasil de d. Pedro II, o comando supremo das forças no início ficou a cabo do presidente Argentino. Despreparado e desorganizado o exército aliado não conseguia reunir forças para expulsar o Paraguai que no instante inicial da guerra ocupava solidamente vários territórios que pertenciam aos países da tríplice aliança. A primeira grande vitória dos aliados se deu em junho de 1865 na lendária batalha naval de Riachuelo onde o Brasil destruiu parte da frota paraguaia. A guerra parecia estática, Solano Lopez foi competente ao criar um cinturão de defesa que protegia o seu país, uma linha tão sólida que até meados de 1866 a tríplice aliança parecia não achar um caminho capaz de levá-los a vitória final. A virada na guerra se deu com a chegada de Luís Alves de lima e silva, o Marquês de Caxias recebeu a incumbência de assumir o comando supremo das operações da tríplice aliança, a sua habilidade militar e a imensa capacidade de organização foi de fundamental importância na reestruturação das tropas e na posterior vitória dos aliados. No dia 28 de julho de 1868 as tropas sob seu comando vencem a batalha de Humaitá, caia por terra a principal linha de defesa dos paraguaios. A capital assunção caiu nas mãos de Caxias no dia 1 de janeiro de 1869, com o trabalho realizado e a sensação de dever cumprido o mesmo se afasta da frente de combate entregando o comando ao genro de D. Pedro II, O conde D´eu. Restava ainda a tarefa de vencer os últimos focos de luta, e capturar o grande causador do conflito na visão dos aliados – o presidente Francisco Solano López. Não foram poucos os casos de abuso e sadismo atribuídos a liderança do genro de D. Pedro II, o Paraguai ficou totalmente destruído e milhares de jovens e idosos não foram poupados da Fúria do Exército Brasileiro. Solano López tentou se refugiar na região das cordilheiras em cerro León, mas com a derrota das suas últimas tropas na batalha de CERRO CORÁ, não tinha mais como se esconder. O presidente – ditador do Paraguai terminou seus dias de glória com uma lança que transpassou seu corpo, ela teria sido atirada pelo cabo do exército brasileiro conhecido por “Chico Diabo”, um tiro foi o golpe de misericórdia de sua vida atribulada. A guerra do Paraguai teve um saldo negativo para todos os envolvidos, inclusive para os vitoriosos da tríplice aliança. O Paraguai segundo a maioria das fontes teria perdido cerca de 70% de sua população economicamente ativa, sua indústria que outrora era motivo de orgulho estava ao final da guerra completamente destruída, suas perdas matérias e humanas foram tão grandes que ainda hoje elas são utilizadas no País para explicar a origem de sua pobreza. No esforço de guerra para vencer o Paraguai os países da tríplice aliança acumularam dívidas volumosas com uma série de bancos londrinos, a dívida brasileira se sobressaia, os gastos no conflito atingiram o dobro da receita do império. Para o imperador D. Pedro II a guerra do Paraguai foi o inicio da crise que levou sua monarquia ao fim, o exército brasileiro voltou da frente de batalha reformulado, enquanto instituição se profissionalizou e no campo das ideias aderiu ao republicanismo e a causa abolicionista. No próximo capítulo vamos percorrer os episódios finais do segundo reinado, analisar os fatores que derrubaram a última monarquia ainda em vigor em solo americano.

Um comentário:

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